segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Chile: lo pasé bien!

Olá, galera. Tudo bem? De volta ao Brasil, foi preciso muita coragem para recomeçar a vida aqui e finalizar o blog.

Na verdade não vou dizer que este será meu último texto neste blog, mas as atualizações, se continuarem, não terão tanta periodicidade. Ainda tem coisas legais para dizer sobre a viagem. Pois vamos ao trabalho! Para quem deseja realizar um intercâmbio e, melhor, para o Chile, aí vão minhas percepções após meus seis meses no país.

O Intercâmbio

É de letra maiúscula mesmo! Não só porque está no começo da frase (¬¬), mas realmente essa experiência foi A experiência, O intercâmbio.

Primeiro pelas pessoas que encontrei no caminho, as boas e as más, ambas me fizeram evoluir muito e mudaram minha vida. Vocês se lembram da chilena que iria me receber e me deixou plantada no primeiro dia no país? Não fosse isto não teria conhecido a Marília, paulista que eu conheci no albergue onde me hospedei nos primeiros dias e com quem eu dividi o quarto esses seis meses. E o terremoto? Apesar do caos que provocou no Chile, foi uma experiência única e me orgulho de dizer que agora faço parte do país. Sem mencionar certo australiano que mal falava espanhol e no final das contas estava em BH conversando em português (ah, sinto muito, mas se você procura um blog jornalístico está na página errada. Aqui é permitido falar de emoções também, poxa! Hihi...). Bom, esta é uma história que contarei um dia, quiçá.

Olha ele aí!

Além disso, tem o grupo de estrangeiros da UANDES. Um grupo majoritariamente composto por latinos fez toda a diferença. Fomos uma verdadeira família. Conhecer novas culturas a partir da experiência de vida de cada um, aprender os sotaques, os pratos típicos e descobrir que tem gente boa e gente ruim em qualquer parte do mundo. Mas por sorte estive ao lado de muita gente de espírito nobre. Pessoas de diferentes continentes e nacionalidades que se demonstraram respeitosos na convivência diária com as nossas diferenças raciais e culturais e caridosos ao participar de coração aberto em atos de solidariedade ao longo do semestre (incluindo o apoio na derrota do Brasil pela Holanda ¬¬...). Ao fazermos um intercâmbio, descobrimos que estrangeiro não é bobo como a gente pensa, partindo do pressuposto que no caso nós somos os forasteiros e de besta não temos nada! Haha...

Quase todos da turma em uma das nossas viagens. Esta foi em Bariloche.

E sobre ficar longe da família? A princípio eu quase não senti falta, as novidades são muitas e acontecem simultaneamente. Quase fiquei louca! Mas não bastou muito tempo para eu descobrir que eu não sabia cozinhar como eu imaginava (mas confesso que voltei quase uma Chef) e muito menos lavar roupa (só para constar, no Chile não existe tanquinho, só máquina de lavar). Isso sem contar às vezes em que liguei a web cam para os meus pais só para eles terem o prazer de me verem esgoelando de tanto chorar e entre soluços murmurar um: “eu amo vocês, quero voltar amanhã mesmo para casa, não aguento mais...”. Passadas essas fases, a gente descobre que está mais forte e a capacidade de se virar sozinho aumenta em mil vezes.

O desejo de se abrir para uma nova cultura faz a gente ficar mais tolerante. Ou você relaxa e curte a viagem ou você se estressa e estraga o que era para ser uma linda experiência. Escolhi absolutamente a primeira opção e sugiro que você faça o mesmo.

Essa é para rir mesmo: eu, após tomar a bebida Terremoto no bar típico La Piojera. Foi nos úlitmos dias no país. Porre inesquecevível para fechar com chave de ouro a viagem inesquecível.

No Chile com os chilenos

O Chile é maravilhoso e único em belezas naturais. É um dos pouquíssimos países que reúnem deserto, neve, praia e montanhas. Como eles gostam de dizer: é o país mais austral do mundo. Ou seja, o que mais se aproxima do Pólo Sul. Agrada a todos os gostos, isso é fato! Eu que venho de um país tropical não dei muita atenção às praias nem ao Deserto do Atacama, mas confesso me emocionei ao conhecer a neve! Já a capital, Santiago, tem como ponto positivo a segurança e a facilidade de locomoção. Não que eu nunca tenha visto um assalto e não tenha sido esmagada altas vezes no metrô, mas a cidade nem se compara com as megalópoles da América Latina, conhecidas pelo caos generalizado de pessoas, transporte e comércio. Fui para lá com medo de ser roubada e sem me acostumar com os carros parando para gente cruzar a rua; foi difícil me adaptar, mas por fim voltei para o Brasil desatenta ao andar na rua e correndo risco de ser atropelada achando que vão parar pára mim. Disso eu sinto muita falta.

Além disso, a gente que nasceu em um país tão grande não tem idéia da fartura de produtos e da qualidade de serviço que temos. Foram inúmeras as vezes em que não encontrei um produto que queria nos supermercados e que fui mal, muito mal atendida em lojas e restaurantes. Não foi à toa que eu e os estrangeiros nos deliciávamos a cada sorriso e gesto de educação que recebemos quando visitamos a Argentina.

Melhores amigos: Coni e Harry. ¡Ya los extraño!

Muitas vezes eu ouvi dizerem: “o problema do Chile são os chilenos”. E tenho que concordar. Não que eu não tenha conhecidos chilenos bacanas, mas em geral são pessoas de difícil trato. Não se abrem facilmente e em muitos momentos tenho a impressão que são bichos do mato recém colocados na cidade grande. Olham e agem com muita desconfiança o tempo todo e têm uma mente muito mais fechada que a dos brasileiros. Tudo é tabu. Minha teoria sobre isso é o fato de terem origem católica, de não terem tido muita mistura racial e por estarem isolados do mundo, entre as Cordilheiras dos Andes.

A variedade e riqueza da culinária não condizem com a da natureza do país: rica e vasta. Mas acho que tudo é questão de costume. Não me acostumei com a comida deles. Aquela mania de meter abacate e pimenta em tudo e ainda conseguir que a comida ficasse sem tempero, coisa de mestre mesmo. Entretanto, confesso que irei fazer aqui em casa o Hot Dog deles um dia, que foi a única forma de abacate na comida que eu aceitei bem. Depois que voltei descobri como brasileiro é carnívoro e se estamos com mais obesos a cada ano tem motivo: lá carne era caríssima e pouca e, além disso, as refeições em geral, eram apenas salada, uma carne ou peixe ou ovo, mais arroz (ou purê de batatas, nunca os dois juntos!).

No aniversário da Isha, mexicana. Sempre juntos!

Bom, estou reclamando, mas engordei 7 quilos e estou contente por isso (acreditem!).

Com os prós e contras do país, eu sempre vou recomendar o Chile para se conhecer e também para viver, então cada um faz seu julgamento. E apesar das picuinhas, faria mil vezes tudo de novo!

Agradecimentos

Para finalizar, quero agradecer a vocês que entraram no meu blog durante esse período e me fizeram sentir mais próxima do meu país. O blog foi feito para vocês!

Além disso, obrigada a todos que fizeram parte dessa história (e que possivelmente não lerão o blog por estar em português, mas o que vale é a intenção):

Aos meus companheiros da UANDES, à Marília por ter me aturado, ao Pedro que me ajudou demais lá e aos outros brasucas que não permitiram que eu esquece meu idioma pátrio (hehehe): Rafa, Ruan, Paulo e Verônica. Aos estrangeiros da UANDES que fizeram dessa viagem a melhor de todas e ao Matt pelos momentos maravilhosos que me proporcionou com sua iluminada presença em minha vida.

Além disso, agradeço à minha família e amigas que mesmo de longe, sorriram e choraram com o que acontecia comigo para as bandas de lá. Eu amo vocês!

Minha família me recebendo no aeroporto: no cartaz, potunhol.

Um grande abraço e até a próxima,

Marcela Ferraz Viana

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Esqui y hasta luego

Para fechar com chave de ouro o intercâmbio, fizemos um passeio à Farellones, um dos lugares mais procurados para curtir a neve. E muitos já começam a se despedir...

Oi, gente. Etapa final da viagem. Faltam duas semanas para eu regressar à minha terra. Ao mesmo tempo em que morro de saudades do Brasil, começo a ficar com o coração apertado com as despedidas. Já fechamos o semestre letivo na minha Universidade e os intercambistas já começaram a regressar para seus respectivos países espalhados por todo o mundo. Está aí uma das coisas mais legais de um intercâmbio; fazemos grandes amigos que são nossos vínculos para se um dia quisermos conhecer seus países, além de levarem um pedacinho de nossa cultura consigo. Na última festa ensinei meus amigos dos Estados Unidos (sendo que um deles estuda na famigerada Cambridge, Inglaterra) a dançar samba, forró e, confesso, até funk! Quando que eles um dia imaginariam que iriam aprender isso? Isso sem falar nas comidas e coquetéis que aprendi a fazer (ou pelo menos a gostar de comê-los) aqui!

Austin, dos EUA, divertindo-se tentando dançar funk.

Nessa última semana fizemos um “96 horas” de festas e festas para nos despedirmos. De quarta a sábado, sem parar! Eu, como boa mineira sossegada que sou, fui em dois dias e já achei muito. Mas antes, fizemos o passeio que para mim foi um dos melhores. Fomos ver a neve e praticar esportes radicais nos vales!

Eu no lugar mais seguro para estar na neve: sentada no chão.

A turma se encontrou às 7 horas da manhã no centro da cidade e de lá fomos com uma vã alugada para Los Farellones. Para a ida e volta pagamos R$ 40 cada. Se desejar fazer esse passeio, sugiro que leve um lanche caprichado para lá e não se esqueça de levar dinheiro vivo, já que a comida é caríssima, bem sem graça e em muitos lugares não se aceita cartão. Chegamos por volta de 10 horas e fomos alugar nossos equipamentos e roupas para esqui ou snowboard (surf na neve). Como me disseram que esquiar seria mais fácil, resolvi tentar. O aluguel para quem não tem nada sai mais ou menos por 100 reais e inclui o equipamento do esqui (ou snow), óculos, luvas, calça e casaco impermeáveis. Mas se você tiver tempo e quiser economizar, vai encontrar facilmente lojas de roupas de neve seminovas e por um preço mais em conta, também com a vantagem que depois poderá revendê-las. Todos equipados e fomos entrar no vale cujo ingresso é R$ 40 para estudante chileno. A princípio me apaixonei pela neve, tão fofinha! Mas após os primeiros 30 minutos que passei caída tentando me levantar do chão, já não achei a coisa tão legal. A neve queima a pele quando a gente encosta nela e o rosto fica todo queimado se a gente não passa protetor solar. Depois que resolvi deixar todo mundo de lado e tentar sozinha fazer a coisa, consegui! Ai é tão bommm esquiarrrr! Até o momento que a gente cai de novo e dale mais meia hora tentando me reerguer. No final do dia estávamos todos bronzeados pela neve e mortos de cansaço.

Matt australiano e eu (Tee-hee).

Agora vou descansar um pouco. Quando em junho pensei que já estava frio demais, julho chega congelando e como uma legítima moradora de país tropical eu me resfriei de novo. A gente se vê para o próximo e talvez última atualização.

Beijos

sábado, 3 de julho de 2010

Pomaire, Isla Negra e Brasilforadacopa.

Estar no Chile e vê-lo ser eliminado do Mundial pelo Brasil: R$ a tristeza de 17 milhões de chilenos.
Ser eliminado do Mundial pela segunda vez consecutiva: R$ a tristeza de 190 milhões de brasileiros.
Ver os 40 milhões de argentinos serem eliminados do Mundial: Não tem preço.

É rir para não chorar, né? Mais bola para frente. Bom, bola não, mas vocês entenderam a idéia. Para distrair a tristeza da derrota, vou contar sobre mais uma viagem que fiz por esse Chile que tanto gosto (...).

Outro dia fui conhecer as cidades de Pomaire e Isla Negra, ambas cerca de 50 quilômetros de Santiago. É um passeio agradável e que dá para fazer em um dia. Eu e mais três pessoas alugamos um carro por aproximadamente R$ 230 mais gasolina que foi mais ou menos R$ 100. Mas há ônibus que fazem esse trajeto e por um preço muito mais em conta, claro.


Pelas estradas chilenas...

O que tem de bom nelas? Pomaire é um “pueblito” de 10 mil habitantes e a atração principal são as dezenas de lojinhas que vendem artefatos, louças e várias coisas feitas de argila. É uma ótima opção para lembrancinhas. Além disso, lá é conhecido como a cidade das empanadas gigantes. Empanada aqui no Chile é equivalente aos nossos salgados. Só que aqui eles têm apenas dois tipos, a assada que é muito parecida à nossa esfiha e tem quase sempre três sabores: pino (carne moída, ovo cozido, azeitona e cebola), napolitano e queijo. E a frita nada mais é que o nosso pastel chinês. Mas o caso é que elas são grandes mesmo! Uma dá para quatro pessoas. Ir à Pomaire é como conhecer em resumo a cultura do Chile e fugir um pouco do corre-corre da capital.

Artesanato de argila é o forte da cidadezinha de Pomaire.

Com as barrigas cheias de cultura chilena, fomos a caminho de Isla Negra. Mais 50 quilômetros percorridos e lá estava eu, mais uma vez de frente ao gigante oceano Pacífico. A atração da cidade, sem dúvida, é a casa do ilustre poeta chileno Pablo Neruda (Parral, 12 de julho de 1904 - Santiago de Chile, 23 de setembro de 1973). Ele era conhecido por ser um eterno apaixonado pelas mulheres. Casou-se três vezes e com cada esposa, viveu em uma casa em diferentes partes do país e que são atualmente museus. Há uma em Valparaíso e outra em Santiago. Na de Isla Negra foi onde viveu até seus últimos dias de vida ao lado de sua última mulher, Matilde Urrutia. A decoração foi toda inspirada no interior de um navio, o mar era outra paixão do poeta que costumava dizer que era um marinheiro de terra. O passeio por essa casa custa ao redor de R$ 10 e para quem é estudante no Chile sai pela metade do preço. A casa é linda demais; bem de frente para o mar e o interior cheio de pequenos detalhes muito bem conservados e que refletem a personalidade de Neruda. É um passeio que vale a pena fazer, sobretudo se você é amante de literatura.

Casa de Pablo Neruda, em Isla Negra.

De volta à Santiago depois de um “taco” (engarrafamento) típico para quem anda de carro pela cidade (não é meu caso), era hora de descansar para o grande partido de Brasil e Chile ocorrido no dia seguinte. Por acaso, segunda foi feriado aqui no Chile. A cidade toda estava em silencio até o começo da partida contra os brasileiros. Fui assistir em um lugar onde os brasucas eram apenas 20 por cento dos presentes. Apesar de os chilenos serem também loucos por futebol, respeitaram muito a gente durante o jogo, e no final, quando foram derrotados. Deu uma dó deles, mas nossa alegria não durou muito, e sinceramente, não sei se alguém está com pena da gente agora...

No fundo, as brasileiras corajosas no meio da torcida "La Roja".

A vida segue. Último mês no país e ainda tem muita coisa boa para contar. Vou me despedindo e deixando abaixo um pequeno poema de Neruda.



Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.”
 Beijos.

domingo, 27 de junho de 2010

Velhos e Vinhos*

Oi, gente. Suponho que estejam melhor que eu. Aqui a coisa está feia, segunda-feira tem jogo do Brasil contra ninguém mais, ninguém menos que o Chile. Mas antes de sofrer qualquer tipo de retaliação por conta dos chilenos, vou contar para vocês o que tenho feito por aqui.

Minhas aulas estão na etapa final. Mas como aqui todo tempo é tempo para passear, hoje vou contar sobre o passeio que fiz há duas semanas atrás. O pessoal da minha universidade que é responsável pelos assuntos internacionais todo semestre oferece aos intercambistas uma visita a algum lugar típico. Desta vez fomos conhecer a famosa e segunda maior vinha do mundo: Concha y Toro, porém, antes fomos visitar a algumas pessoas muito ilustres.

Jovens cheios de vida, cada qual de um país e cultura diferentes. Temos em comum a abertura ao novo, necessitamos e nos alimentamos de novidade. Quando recebemos a notícia de que iríamos visitar um lar de idosos, muitos ficamos inseguros, envergonhados e com medo de não sabermos lidar com a situação. Mas assim que chegamos no “Centro de la Tercera Edad en Paine”, em uma cidadezinha chamada Paine, há uma hora de Santiago, todos receios passaram; pelo menos para mim. Assim que chegamos apresentamos nosso “Show de Talentos”: passaram por lá a turma do Chaves, Shakira e até a Xuxa deu o ar da graça, interpretada pela Verônica, do Rio. Enquanto fazíamos a festa, nosso público admirava atento sem entender ao certo o que estava acontecendo. Eram cerca de 15 senhores e senhoras e cada intercambista adotou o seu para então realizarmos o bingo. Não sei o que eles acharam da brincadeira, mas nós nos divertimos “à beça”. Cada hora era uma coisa: havia idoso que jogava a cartela cheia de pontos marcados no chão, o outro fazia bingo e quando ia receber o prêmio estava dormindo. No fim, como percebemos que eles não estavam prestando muita atenção, fizemos o nosso jogo e então todos eles puderam ganhar seus presentes e ficar feliz. 

O senhor escuta atento o que Austin dos EUA está conversando com ele.

Eu, em particular, recebi como avó a senhora Olga, que adorava rir, conversar e dar muitos beijos em todos. Nos momentos de lucidez me contava sobre sua vida no asilo e nos outros sobre os casos de sua infância, como se ainda fosse uma criança. Presenteei a ela com um anjinho da Prosperidade que, não por acaso trouxe de Belo Horizonte (Sim, mãe. Tenho certeza que esse era o destino dessa lembrancinha...). Na hora de embora, apesar da tristeza em ver a ela e a outros chorando, fomos com a certeza de missão cumprida e certamente com um respeito maior aos idosos.

Verônica e eu com nossas respectivas avós adotivas.

Tomamos rumo à churrascaria Los Buenos Aires del Paine, onde provamos as delícias da parrillada argentina. Porque me desculpe a sinceridade, mas carne não é mesmo a especialidade dos chilenos. Matei a vontade e a saudade que tem uma boa carnívora depois de meses vivendo quase como uma vegetariana (isso porque aqui no Chile carne é bem cara, do presunto ao filé mignon). Todos satisfeitos e fomos ao nosso destino final. A requintada e exitosa vinha de Concha y Toro, com o detalhe que o idioma da vez foi o português dentro do ônibus. De repente todos quiseram aprender um pouquinho do nosso idioma. Cada sotaque mais divertido que o outro! 

Parrillada argentina: o mais próximo que há do churrasco brasileiro.

Voltando ao assunto, em Concha y Toro os passeios são realizados por guias e variam entre 25 e 120 reais (aprox.). Fizemos o mais econômico, mas não menos interessante. Conhecemos os vinhedos, as bodegas e a história de como a família de origem italiana transformou sua pequena plantação de uvas em uma das maiores distribuidoras de vinho do mundo. Confesso que até eu que não sou fã de bebida alcoólica gostei do tour, que inclui degustações e uma mini-aula de como identificar um bom vinho. Dá até para se achar um pouco a enóloga.

Gaby, do México; Dario e Héctor do Equador e eu nos vinhedos de Concha y Toro.

No final do dia estávamos todos cansados, mas não mortos. Fomos para nossas casas e em três horas mais já estávamos prontos para sair. Para terminar a noite multicultural fomos a uma salsoteca, ou seja, um pub onde o ritmo cubano é que comanda.

É isso. Atentos porque para os próximos posts vou falar sobre minha viagem a Pomaire, Isla Negra (onde morou o poeta chileno Pablo Neruda), além do esqui que estou indo fazer amanhã (exatamente em 4 horas) e óbvio (assim espero) sobre a vitória do Brasil sobre o Chile na segunda-feira. Sorte para o Brasil e para mim que vou ter que enfrentar a torcida rival tão de perto!

Degustação e aula sobre vinhos. Futuros enólogos.

Abraços.

*título criado por Priscilla Troncoso

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Comienza el Mundial

Olá, gente. Como estão os ânimos para esta Copa do Mundo? Pois aqui no Chile, estava tudo tranqüilo até ontem, quando a equipe deles ganhou de 1 X 0 contra Honduras.

Meu Deus! Parecia que já era a final. Uma buzinação, o povo com cara pintada nas ruas, ninguém teve sossego. Mas para mim, o estresse mesmo foi no dia da nossa estréia. Segunda à noite eu já não conseguia dormir bem, fiquei até de madrugada lendo tudo o que podia sobre a seleção brasileira, para quando chegasse na hora, fingir que já sabia tudo. Sabe como é, brasileira que não entende de futebol, não é brasileira (isso segundo os estrangeiros, gente. Calma...). No dia seguinte acordei cedo e decretei feriado pessoal. Pela Internet, vi a folia que o Brasil já estava e fui entrando no clima. Fui ver o partido na casa de outros brasileiros e a melhor parte foi quando eu, toda de verde e amarelo e com a bandeira amarrada na cintura, saí na rua. Eu esperava ver a cidade toda enfeitada com as cores da bandeira e etc, só que aqui não é Brasil e primeiro veio a decepção de não ver um ser vivo vestido a caráter. Fui o centro das atenções na rua e com muito bom humor escutei as típicas (e talvez únicas) frases que os chilenos sabem em português: “Dale garotinia”, ”Pentacampeones”, “Ronaldinio” e por fim a clássica “¡Brasil, paíx maix grando mundo!”. Com tanto apoio moral quem não fica feliz, verdade?

Australiano passando bandeira do Brasil? Coisas de cidade cheia de gringos.

Os comentários sobre o jogo eu deixo para os blogueiros da área, mas convenhamos que jogamos como um timinho: equipe sem sintonia, falta de técnica, ataque fraco, defesa espalhada e Cacá machucado para completar. Fala sério! Cheguei a pensar que não faríamos nenhum gol. Ok, ok, sem mais críticas. Porém, se continuar deste jeito, esta Copa do Mundo não vai ser de mão beijada, não. O sufoco está só começando...

Olha o pratão de feijão com arroz. Isso aqui no Chile é especiaria!

Enquanto isso, eu me divido aqui entre a Universidade, que está na reta final, portanto muitas provas e trabalhos e para conseguir ver com os amigos estrangeiros os jogos de seus países. E olha que são muitos: Austrália, Camarões, França, Estados Unidos, México e claro, do próprio Chile.


Priss: chilena abrasileirada. Torcendo pelo Brasil ou gorando a gente? 

Mudando de Assunto

Fiz este post mais para atualizar o blog, e como ficou curtinho, abaixo estão fotos de uma inusitada e divertida situação que vivi esses dias, dentro de um ônibus em Santiago. Como já havia dito outras vezes, a quantidade de cachorros de rua aqui na capital é absurda. Inclusive vemos cães de muitas raças que no Brasil são caras, como, por exemplo, o husky siberiano e o labrador. No inverno é interessante porque muita gente compra roupas de frio para cachorros e colocam nesses de rua para que não morram de frio. E inclusive há uns que tomam até ônibus! Vejam só:


O quiltro (vira-lata) esperando o ônibus no ponto.

O cãozinho nem se incomodou com a gargalhada das pessoas dentro do ônibus. Subiu e se ajeitou em um cantinho.

Chegando no seu destino ele desceu tranquilamente do ônibus. É provável que tenha ido fazer combinação no metrô.

É isso! Tudo de bom e até mais, gente.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Bariloche: na terra de "los hermanos"

Olá, gente. Estou de volta a Santiasco (mistura de Santiago com asco, nojo, poluição) após uma semana recorrendo o sul das Américas, ou uma pequena parte dele.

Após as aventuras em Puerto Varas, tomamos um ônibus e em seis horas estávamos em Bariloche, na Argentina. É incrível ver as diferentes paisagens que se vê do lado de lá das Cordilheiras dos Andes. Pela estrada, bosques e mais bosques com cara européia. E neve nas montanhas! Também tivemos que passar pela polícia internacional na fronteira e também pela aduana. Para que saibam, brasileiros podem fazer essa viagem apresentando somente a identidade, mas como sou residente chilena (hum... que chique!) tive que apresentar passaporte e minha identidade chilena.

As Cordilheiras dos Andes pelo lado argentino.

Chegando ao terminal rodoviário em Bariloche, uma jovem nos convidou a ir a um albergue em que trabalhava. Aceitamos e, então, um senhor nos levou na traseira de uma van até o local para que conhecêssemos. Cobraram-nos cerca 15 reais por pessoa, mas a casa era feia, havia apenas dois quartos para 12 pessoas e após uma busca pela cidade e um debate acirrado entre todos, decidimos ficar em um muito lindo chamado La Justina, que nos cobrava cerca de 20 reais, incluindo café da manhã. Entretanto, sem dúvida é melhor se planejar com antecedência para que esses inconvenientes não estraguem a viagem.

Quando terminamos de nos acomodar, já era noite e então resolvemos fazer um churrasco com legítimas carnes argentinas. Confesso que é boa mesmo, mas não como a brasileira (assim como a seleção de futebol, sabe? Hihi, brincadeirinha, hermamos). Tomamos também o Fernet, que é a bebida alcoólica comum por essas bandas. Ela é bem amarga e mentolada e se bebe misturada com Coca Cola.

Na minha mão a Fernet, típica bebida argentina.

Já no segundo dia, a parte aventureira do grupo resolveu acordar cedo e fazer uma trilha de bike que os levou até o Cerro Campanário. A outra metade mais “Cult”, também conhecida como grupo dos preguiçosos, da qual eu faço parte, resolveu fazer um passeio turístico pela bela Bariloche. Começamos o dia na fábrica de chocolate Fenoglio. Ali conhecemos toda a história mundial do cacau até os dias de hoje e aproveitamos para provar uns também. Para quem não sabe a Argentina é um grande fabricante de chocolates. É bom saber ainda que o cacau que origina esse chocolate é brasileiro (ok, juro que é a última piadinha com os argentinos). Em seguida almoçamos comida típica da Argentina, ou seja, carne! Além das carnes que existem aí no Brasil, provamos carne de javali e de cervo. Adorei. O mais interessante é que grande parte das lojas, restaurantes e locais públicos têm suas versões de escritos em português. Lá dá quase mais brasileiro que valadarense nos Estados Unidos. Depois ainda subimos de teleférico ao Cerro Otto, que tem uma bela vista para as montanhas (com neve!) e os lagos que entornam a cidade. À noite estávamos todos cansados após seus respectivos passeios. Restou-nos fazer um churrasco e dormir.

O grupo dos preguiçosos na fábrica de chocolate Fenoglio.

Na tábua: carne de javali, de salmão e de cervo.

Amanheceu chovendo no terceiro dia. O sul naturalmente faz frio nesta época do ano, mas com chuva é de matar. Logo cedo, boa parte do grupo tomou novo rumo, alguns voltaram a Santiago, outros foram para a cidade mística de Chiloé, no Chile e outros ficaram em Bariloche, como eu. O dia foi de compras. A cidade de Bariloche é pequena e tem uma rua principal, chamada Mitre, que é onde se concentra o comércio da cidade, que é basicamente de chocolatarias e lojas de roupas especiais para neve. Em geral, as coisas aqui são mais baratas que no Chile e mais ou menos o mesmo preço que no Brasil. Ou seja, fiz a festa (e agora estou pagando, literalmente, por isso)! O atendimento é muito bom, melhor do que o chileno, certamente. Outra diferença que se nota é que enquanto no Chile é proibido colocar bandeiras em comércios e em partes expostas de residências, os argentinos têm espalhadas bandeiras por tudo quanto é parte, inclusive a igreja de Bariloche é enfeitada com muitas delas.

Lojinha de sabonetes. Destaque para o de cor verde! Hehe...

Cascata de chocolate em uma das mil chocolaterias de Bariloche.

O domingo foi o último dia, e para despedida do território argentino comemos uma pizza. Nada especial para um brasileiro que vive no Brasil. Porém, para uma brasileira que vive atualmente no país dos abacates com sal e limão, pizza boa é coisa raríssima. Os argentinos têm grande influência italiana em toda sua cultura e inclusive no estereótipo dos habitantes, que têm a maior média de altura entre todos sul americanos, e na maneira expressiva de falar. Outra curiosidade é que eles, junto com os uruguaios, são os únicos de idioma espanhol que usam o VOS quando normalmente se utiliza o TU ou o USTED. Inclusive a conjugação dos verbos nessa pessoa gramatical é diferente dos existentes. A língua espanhola nomeia esse fenômeno de “Voceo”. Na verdade é um tipo de voceo, já que no Chile também há um estilo de “voceo”, que depois explico melhor a todos. Por último, subi de “aerosilla” para apreciar a vista do alto do Cerro Campanário, considerada uma das mais lindas do mundo.

Hermosa vista do alto do Cerro Campanário, há alguns minutos do centro da cidade.

Segunda-feira foi comemorado o bicentenário de independência argentina. Enquanto eles curtiam o feriadão eu enfrentava 19 horas de viagem de volta a boa e velha Santiago.

Muita coisa, verdade? Espero que tenham gostado...

Um beijo e até mais!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Puerto Varas

Dia 21 agora é feriado de Día de las Glorias Navales, e a estangeirada da Uandes resolveu tirar a semana para viajar, já que hoje também não teremos aula.

Olá, como estão vocês?  Estou escrevendo direto do ônibus a caminho de Bariloche, na Argentina. Estava desde terça-feira em uma cidadezinha a quase mil quilômetros de Santiago chamada Puerto Varas. Está há quase mil quilômetros de Santiago. Foram 12 horas de viagem e pasmem, sem parada para cafezinho! Aqui há 32 mil habitantes e por ter sido colonizada por alemães, tem toda aquela pinta de Europa e há muitos restaurante e docerias de origem germânica por aqui. 
"...cruzamos uma barreira para podermos ver de perto as pequenas cachoeiras que desaguavam em uma linda lagoa azul. Tiramos fotos e rimos bastante, mas na hora de sair das pedras (...) Fomos expulsos! Hahaha..."
Puerto Varas é também conhecida como “a cidade das rosas”, pela quantidade de roseiras espalhadas pelas ruas. Há lagos e vulcões aqui, mas como choveu muito e fez muito frio no primeiro dia, não deu para fazer muita coisa quando cheguei. De todas as maneiras, fui conhecer o lago Llanquihue, que mais parece uma praia de tão grande e agitado que é.

Eu no lago LLanquihue, em Puerto Varas.

Ontem, fez sol e fomos fazer um passeio no Parque Nacional Vicente Pérez. Tomamos um coletivo e em pouco mais de uma hora estávamos perto de conhecer o vulcão Osorno e as belezas do lugar. Mas logo na entrada da reserva natural, cruzamos uma barreira para podermos ver de perto as pequenas cachoeiras que desaguavam em uma linda lagoa azul. Tiramos fotos e rimos bastante, mas na hora de sair das pedras e continuar o passeio, o guarda nos advertiu que não poderíamos ter passado das barreiras que eram de proteção. Fomos expulsos! Hahaha... Estou rindo agora, mas na hora, claro eu fui a que fiquei mais indignada, em vão, porque realmente estávamos errados. Bom, pelo menos temos fotos aonde ninguém pode tirá-las. 


                                
No Parque Nacional Vicente Pérez, minutos antes de sermos expulsos após cruzar esta barra em que estou sentada.

Voltamos exaustos para Puerto Varas e fomos direto para o albergue em que estávamos hospedados que é muito lindo, por sinal. O nome de lá é Casa Azul e o dono, Andreas, é um simpático alemão que há 12 anos vive no Chile. Jantamos e dormimos para nos preparar para hoje... Hermanos, aqui vamos nós!

Galera no final do passeio, de frente para o vulcão Osorno.

Os garotos cozinhando macarronada para o jantar. Austin e Mark dos EUA e Alex, no meio, do México.

Depois tem mais,

abraços a todos!

ps: Renata e Mariana, parabéns mais uma vez para vocês!!! Espero que tenham gostado da surpresa!