segunda-feira, 29 de março de 2010

Solidariedade: idioma mundial

A história


Dia 27 de fevereiro de 2010, de madrugada. Dona Lucilia de Carmen Piña Vidal está sozinha em sua casa construída com adobe e madeira quando sente o chão tremer. Assustada e sem entender o que acontecia ela recolhe agasalhos, água e alimento e tenta fugir para rua. O movimento de ondulação é tão forte que não permite que ela sequer se mantenha de pé. Minutos depois ela consegue sair da casa e vê na estrada de terra onde mora, as árvores se entrecruzando. Dona Lucilia vive a 24 quilômetros de qualquer assistência médica ou comércio. Consegue chegar à casa de sua irmã e fica por lá até o amanhecer. Quando no outro dia retorna à sua vivenda, percebe que já não pode mais ficar lá. A casinha que era de seu avô e tem mais de 100 anos, está a ponto de desabar.

 A sala-cozinha da casa de Dona Lucilia feita de adobe e madeira.

Dia 27 de março de 2010, de madrugada. Dona Lucilia com seus ouvidos apurados e seu corpo atento a quaisquer movimentos vindos da terra, escuta ruídos de carros e caminhões vindos da cidade mais próxima de seu povo. Dentro dos veículos há solidariedade, boa vontade e esperança. Ela mal sabe, mais dentro de um dia terá uma nova casa.

O projeto

Pichilemu é uma cidade conhecida por lindas praias e agora também pela destruição causada pelo terremoto. Ela se encontra na IV Región Del Libertador Bernardo O´Higgins, ou seja, sexto estado chileno distante 260 quilômetros de Santiago. Há cerca de 25 quilômetros de distância, está El Maqui, pequeno povoado campestre que após o desastre de 27 de fevereiro, deixou centenas de famílias desabrigadas ou vivendo em casas com grande risco de desabamento.

 El Maqui, distrito da cidade de Pichilemu, que por sua vez está localizado na VI Región de Libertador Bernardo O´higgins.

Criado em 2007, o projeto Un techo para Chile tenta erradicar a pobreza no país a partir de construções de medias águas, que são casas emergenciais feitas de madeira e muita solidariedade. Todas as férias letivas (janeiro e julho) eles convocam estudantes de todo o país para construírem estas moradias em diversas regiões marginalizadas. Extraordinariamente, o projeto está atuando todos os finais de semana desde o desastre ocorrido no final das mesmas férias em função da quantidade de pedidos de ajuda no pós-terremoto. Na viagem deste último final de semana, o projeto conseguiu reunir cerca de 100 voluntários com a meta de colocar de pé 20 medias águas. Orgulhosamente pudemos realizar o feito com sucesso.

Héctor do Equador com sua fitinha da ação: Chile ayuda Chile. E eu completaria: "E os estrangeiros também".

Mãos à obra

Através da minha madrinha de intercâmbio, Constanza Egaña, quase todos os estudantes intercambistas da UANDES foram convocados para missão “El Maqui”. Nos juntamos aos demais estudantes e em dois ônibus e 4 horas de viagem chegamos ao povoado, às 3 horas da madrugada do sábado, 27. Dormimos em barracas montadas no pátio de uma escola primária da região e em 3 horas e meia estávamos de pé, com muito frio e à espera da saída do sol e de pormos a mão na massa. Fomos divididos em 17 quadrilhas de seis pessoas, cada uma encarregada da construção de uma casa. Além disso, todo grupo contava com a ajuda de um ou dois militares do exército chileno. Por uma falta de conhecimento da região, o primeiro dia rendeu pouco, pois nos perdemos, além de ficarmos atolados em um pequeno riacho da redondeza. 

O caminhão do exército atolado e todos pensando como tirá-lo de lá. A solução veio com um garoto da região que dirigia seu trator e passou por perto na hora. É gente ajudando gente! 

Primeiro dia: tratando de nivelar o terreno para depois instalar os pilares.

Por sorte, minha quadrilha era composta por minha madrinha, que era a chefe e meus colegas estrangeiros, o que facilitou a interação nossa. Além disso, fomos muito bem recebidos pela senhora dona da casa: Lucilia de Carmen. Antiga moradora da região e presidenta do grupo comunitário da vizinhança, ela nos tratou muitíssimo bem, sempre com uma risada divertida e uma história para contar de seus anos vividos na Alemanha. Os militares que nos auxiliaram também foram impecáveis. Muito engraçados, por acaso! Fizeram-nos rir muito com suas histórias como servidores do país. Militantes e militares juntos. Quem diria? Coisas do século XXI. Também fomos motivo de riso entre os moradores da região, inclusive o senhor Francisco Antônio, ou Don Corucho, como prefere ser chamado, que de minuto em minuto dava gargalhadas infinitas vendo o nosso despreparo com as ferramentas e a conversa confusa que resultava da diferença de sotaques e nacionalidades.

Verônica, Harry e eu nos preparado para o segundo dia. No fundo, nossas barracas.

Almoço preparado pela Dona Lucilia. Ajudamos matando as galinhas. Hehe!

Ninguém era experto em construção, mas todos queríamos muito poder contribuir de alguma forma para aquela senhora que com olhos atentos assistia o nosso trabalho. Dois dias estirados na terra vermelha, sem banho, cheio de picadas de sancudos (pernilongos), tendo que se adaptar ao clima que ora era quente, ora frio e ora garoa com muito vento. Com mãos e corpos doloridos pelo esforço feito, por volta das 21 horas de domingo pudemos entregar a casa pronta para Dona Lucilia, que emocionada nos agradeceu muito e prometeu por na sede comunitária o nome “Hermanos de todo el mundo”, em nossa homenagem.

Dona Lucilia (de preto) entre seu vizinho e seus irmãos, entre eles Don Curocho, de branco e rindo para variar! Haha!

Reunidas todas as quadrilhas, saímos exaustos da pequena vila. E no silêncio da viagem de volta, escutava-se o coração de cada um feliz por ter ajudado e com a certeza de que esta experiência levaremos por toda a vida.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Primero mes

Sabe quando você sonha com algo e planeja que tudo saia da forma que você imaginou que seria melhor? Esquece. Alguma força superior a todos nós sempre sabe o que é melhor para a nossa vida. Acreditem. Há um mês, a essa hora, eu estava quase em prantos porque a mulher que me receberia neste país, estava na praia e eu na rua. Quem diria que hoje eu agradeceria tanto que isso tenha acontecido.

Olá, gente, como estão? Eu aqui não poderia estar melhor. Estou hoje comemorando meu um mês de Chile, e à moda da casa: em um churrasco. O grupo de estrangeiros, nos apelidamos "Los Cuates", que significa "Os parceiros", no México, estamos nos dando muito bem. É muito bom estar com todos eles, porque além da cultura chilena, conhecemos um pouco sobre o México, Peru, Equador, Estados Unidos, França e Austrália. Hoje o "asado" foi no prédio de um equatoriano amigo nosso, o Chafla. Vejam nas fotos que maravilhosa a vista. E aqui em Santiago qualquer parte que você ande pode ver as Cordilheiras dos Andes. Estamos aproveitando o final do verão, porque logo o frio aterrorizador vai começar.


Sexta indo "carretear". No volante, o Pedro, mineirinho de Belo Horizonte, uai. Mas chileno de coração, há quatro anos aqui. Ao meu lado, a mexicana Gabriela, e atrás: Harry, peruano; Tomas, francês e Alejandro, mexicano.


"Los Cuates, wey!", que no México seria como: "A galera, cara!". No fundo, as Cordilheiras dos Andes.

Aliás, esta coisa de calor de dia e frio à noite é péssimo para a saúde, sobretudo quando nos alimentamos de macarrão todos os dias, como é meu caso. Estou me recuperando de um resfriado forte que peguei há uma semana. Acordei uma noite de tanto tossir e resolvi fazer um xarope delicioso que minha mãe fazia quando era criança: de cebola! Ecat! Mas resolveu... Depois ainda comprei um xarope de farmácia e me sinto melhor agora. Quando se está longe de casa, é bom não dar bobeira com o assunto saúde.

Mao devorando os Completos, que são tipo cachorros quente, mas só levam tomate, salsicha e abacate e os Italianos, que levam chucruts (repolho), salsicha, e uma saladinha de cenoura e pimenta.

Esta semana Marília e eu tivemos abstinência de feijão brasileiro. Sim, porque aqui tem um prato que se chama "Porotos con riendas", que é macarrão com feijão branco. Ainda não provei, mas é tudo que eles sabem sobre feijão. Resolvemos (ok, Marília, só você fez) fazer para todos da casa. O pretinho passou a noite em banho maria, e no dia seguinte umas três horas no fogo; tudo isso porque não tínhamos uma bendita panela de pressão. Cozinhamos para umas dez pessoas. O jantar que deveria sair às 20 horas, saiu meia noite, mas todos curtiram (óbvio, com a fome que estavam, todos comeriam qualquer coisa, hehe)!

Vizinhos de quarto no jantar brasileiro. No menú; arroz, feijão preto, batata frita, bife e salada de alface e tomate. Eles amaram!

Quanto à faculdade, estou amando! Tenho aulas de Chile y América Latina II, e imaginem, nem gosto desse tema, não é? Além disso, tenho aulas de Espanhol, e todos os estrangeiros não hispano-falantes fazem parte dela. A professora é ótima e ensina todos os modismos, exceto os muito ordinários, que isso eu aprendo dentro de casa mesmo. Mas não se preocupem, não os uso, é senão por uma questão de sobrevivência, hehe! Terei mas outras três matérias, uma começa amanhã e as duas outras só em Abril.

Indo para a aula às 7:30hs. Daqui para frente a tendência é escurecer mais. Isto explica porque nenhuma escola ou faculdade têm o início das aulas às 7 horas.

Enfim, um mês maravilhoso, eu diria. E tenho cinco mais... Que venham!

Uma boa semana a todos!

terça-feira, 16 de março de 2010

Carretes

No Brasil nós temos o Carnaval no começo do ano. Aqui, tem festa todo dia: são os chamados "carretes".

¿Hola, como están? Eu estou "a full", como muitos dizem por aqui, ou seja, a mil por hora. Aqui tenho tanta coisa para fazer que não tenho tempo nem para pensar. Fui à universidade estes dias, mas a verdade é que o que mais fiz desde quinta foi ir a "carretes", que significa festas aqui no Chile. Eita povo que gosta de carretear! Eles até saem para boates, pub's e casas noturnas em geral, mas o forte aqui é festa em casa e "asados", que são churrascos mesmos.
"Quando cheguei ao local, a corrida ficou em dois mil pesos (sete reais) e entreguei minha nota achando que era a de dez mil pesos. O cara ficou me olhando esperando o resto do dinheiro... E só então me dei conta que confundi as notas e não tinha mais nada! Pedi mil desculpas, mas ele ficou muito bravo e saí rapidinho do carro. Fiquei muito sem graça."
Talvez pelo frio, não que isso seja científico, mas os chilenos em geral são bem reservados e demoram para confiar nas pessoas. Ainda pelo mesmo motivo infundado, aqui eles fumam muito e também bebem bastante! E tudo com teor alcoólico altíssimo: Piscos, tequilas, vodka, cerveja... Tudo em grande quantidade! Claro que há exceções, mas são poucos os que não entram "na onda". Com essa brincadeira toda, e ainda juntando a diferença sazonal da temperatura (ou seja, enquanto tem sol o calor é grande, assim que ele se esconde o frio é bravo) tem que se cuidar para não se resfriar ou adoecer: sim, o meu caso. Já estou diminuindo meu ritmo e espero não ter problemas de saúde por aqui.

Eu, sozinha em um dos bares da avenida Manuel Montt, aqui em Providência.

Além disso, conto que tenho dado meus foras, por aqui, para variar. Quinta passada eu queria sair à noite para encontrar os outros alunos estrangeiros, numa rua não muito longe. Tomei um café para me animar e acho que exagerei na dose: fiquei elétrica. Na pressa, resolvi ir de táxi e o motorista me disse já ter morado em Belo Horizonte e foi bem simpático. Quando cheguei ao local, a corrida ficou em dois mil pesos (sete reais) e entreguei minha nota achando que era a de dez mil pesos. O cara ficou me olhando esperando o resto do dinheiro... E só então me dei conta que confundi as notas e não tinha mais nada! Pedi mil desculpas, mas ele ficou muito bravo e saí rapidinho do carro. Fiquei muito sem graça. Não bastando, eu não encontrei ninguém na tal rua dos bares e não podia ligar para eles porque não tinha crédito (e nem dinheiro). Os caixas rápidos não me deixavam sacar dinheiro, então voltei desolada e a sorte é que sempre ando com meu cartão do metrô. Chegando na estação próxima à minha casa, eu fui andando e reparando nos mil bares que há ao longo dos mil metros que tenho que caminhar até minha casa. A avenida é a Manuel Montt, bem conhecida por aqui. Então resolvi entrar em um bar sozinha e ficar por lá, curtindo olhar as pessoas de um outra cultura! Sim, quase uma antropóloga infiltrada no nicho alheio.

Mexicanos, chilenos e brasileiros no que era para ser uma festinha no abergue. Hehehe!

Na sexta, fomos Marília e eu, até o nosso antigo lar matar a saudades do pessoal de lá. Convidei um amigo que fiz aqui, mas que é de BH também, e ele por sua vez chamou vários amigos chilenos e mexicanos! Era para ser uma coisa à toa, mas foi bem divertido afinal. Até dormimos por lá mesmo. Acordei morta e, confesso, ainda um pouco "mareada" e não sei como conseguimos, mas às 15 horas estávamos em casa, enfim.
 
Estava muito cansada, mas os estrangeiros (quando digo isso, me refiro aos alunos estrangeiros da universidade) me chamaram para uma festa no apartamento das mexicanas. Não pude recusar. Cheguei lá meio moribunda, mas fui me animando e terminei a noite dançando salsa, merengue e todas outras danças que existem na América Latina! Hahaha! 

Todos os intercambistas na casa das mexicanas!

E a festa continuou no apartamento do Chafla, ecuatoriano à esquerda de branco e meu professor de ritmos latinos, em geral. Hehehe.
 
O resultado foi um domingo de "caña", como eles chamam a ressaca por aqui. Passei muito mal, mas tudo tem suas conseuqências, não é mesmo Aí fica parecendo que sou daquelas que só porque estão de intercâmbio, acham que podem fazer de tudo!
 
Haha! Mesmo passando tantos apertos e tudo mais, eu estou amando esta viagem! Recomendo!
 
Boa noite e até a próxima.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Piñera e réplicas

Ai, meu Deus. Ainda não me acostumei com as réplicas e a de agora a pouco foi forte. Enquanto isso, no Congreso de Valparaíso, Piñera, o novo presidente, assume o cargo.

Olá, tudo bem, gente? Ah, pois comigo está tudo normal. Um tremorzinho aqui, outro acolá. Brincadeiras a parte, hoje, ou melhor, há alguns minutos (12h20min) houve mais uma réplica sentida aqui em Santiago. Desde o terremoto no dia 27 de fevereiro, esta foi a mais forte: não menos que 6 graus na escala Richter. Na hora do tremor, que  senti durar cerca de 30 segundos, eu estava (e ainda estou) na biblioteca da minha universidade, na parte alta de Santiago. Na mesma hora todos os alunos que estudavam aqui dentro se assustaram e se levantaram. Um sinal de alarme foi disparado e nos instruíram a evacuar o prédio.Toda a universidade ficou fora dos prédios do campus e apesar da confusão, não houve pânico e em cerca de 10 minutos liberaram a entrada novamente. Ainda assim, muitos alunos foram embora e outros mais ainda esperam uma réplica lá fora. Desse jeito é impossível dar certeza de que não se repetirão as réplicas, só esperando mesmo.

Santiago vista da minha universidade. A faixa escura no céu reafirma que a cidade é uma das mais poluídas do mundo.

Os alunos da universidade após o terremoto: todos apreensivos para saber de quantos graus foi o tremor e à espera de uma réplica.

Toda essa confusão parece ter antecipado a posse do novo presidente chileno: o multimilionário de direita, Sebastián Piñera. Logo que a ditadura militar de Pinochet chegou ao fim, em 1990, é a primeira vez que assume o governo um candidato da oposição. Deixa o cargo, a popular Michelle Bachelet, que se despede com mais de 80% de aprovação. Filha de general e militante na Ditadura de Pinochet, Bachelete foi perseguida e exilada na Alemanha. Ao regressar, manteve seus ideais socialistas que renovados e pouco radicais, cativaram todo o Chile, um país temeroso de uma nova ditadura, entretanto relutante de ver no poder comunistas.

Eu no lugar onde passarei a maior parte do dia: UANDES.

Quanto a mim, vou estudar algumas disciplinas na faculdade de jornalismo,  relacionadas à América Latina, talvez algo com televisão, além do espanhol. Como estou matriculada em diferentes periodos da carreira, soube hoje que algumas aulas só começam em Abril. Que bom! Pena para mim que acordei cedo (e atrasada, claro) e vim "correndo" para a universidade ¬¬...
Coni, minha madrinha querida, Austin, dos EUA, Verônica, compatriota e Gustavo, também chileno.

Diferentes mas com algo em comum: estrangeiros da Universidad de Los Andes.

Bxus!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Últimos dias de férias

Agora sim vou saber mais sobre o dia-a-dia em Santiago.  As aulas começaram...

Oi, gente. Como estão­ todos? Estou tendo dificuldades para postar, já que não tenho Internet na minha casa momentaneamente. Hoje é o primeiro post desde meu novo netbook, ainda não encontrei todas as acentuações, então não reparem os mil erros de ortogafria.


Para aqueles que ficaram preocupados com meu início de depressão pós mudança relatado no ultimo post, relaxem: estou melhor. É uma questão de sobrevivência para intercambistas saber lidar com as despedidas, e eu estou aprendendo.

Pai, em sua homenagem (para quem não sabe, meu papis é chaveiro). A chave aqui custa C$ 500 que é menos de R$ 2. A colorida é R$ 2 e pouco.

Domingo, Marília e eu fomos ao Mall Plaza Alameda, o shopping próximo à nossa antiga casa. Quase tivemos uma recaída e por pouco não voltamos a morar lá. Mas fomos fortes. Hahaha. Por aqui estamos entrosando pouco a pouco com as pssoas da casa, que são muitas. Há uma alemã e uma chilena que falam português, assim que temos que tomar cuidado com o que dizemos. Os outros todos são chilenos já formados, apenas alguns são universitários. Mas nos damos bem. Há uma sala na casa que alugam para aulas de várias coisas, inclusive para aula de salsa. É um ritmo cubano e bem conhecido na América Latina. Aposto que já ouviram falar sobre, certo? Fiz a primeira aula e amei. Quem sabe eu não continuo?

Eu com minha camisa do Chile e o sorvete do Mc com um biscoito chamado Morocha, que em português é como mulata.

As chileninhas também adoram passear em um shopping. Aí estão no Mall Plaza Alameda.

Mais uma novidade: minhas aulas começaram! Acredito que só na minha universidade mesmo. Todas as outras adiaram o começo das aulas para o dia 15 ou 29 de março, pelos estragos que o terremoto fez em alguns campi. Para quem não sabe, estudarei na Universidad de Los Andes, que fica situada numa parte mais afastada de Santiago e abaixo das Cordilheiras dos Andes. A vista é maravilhosa!!! A Uandes é uma universidade reconhecida não só por ter um bom ensino, mas sobretudo por ser a mais cara do país (hum...). Bom, como sou bolsista, isso não faz a menor diferença para mim. Mas através disso, já posso perceber os contrastes sociais do país.

A vista do prédio de Humanas da minha universidades. A Cordilheira dos Andes ao fundo.

Hoje se deram as boas vindas aos alunos estrangeiros. Somos 18: cinco brasileiros (mas só estamos no Chile eu e Verônica, de Niterói), equatorianos, peruanos, gringos (que em espanhol se refere apenas aos norteamericanos), mexicanas e um francês. Ufa! Muita mistura, não é mesmo?

Bom, por hoje é só!

Bxus a todos!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Festa de boas vindas e uma despedida

Enquanto conheço os alunos estrangeiros de toda Santiago, despeço-me dos "antigos"... E quem disse que quinze dias são pouco quando se vive um terremoto juntos?

Oi, gente... Como estão? Eu tou bem, não.

Quarta antes de Marília e eu irmos "salir a carretear" (ir para balada) tomamo uma bebida chamada Terremoto, coincidência, não? A festa para alunos extrangeiros, Miércoles, po! foi um sucesso! Conhecemos gente do mundo todo: franceses, chineses, espanhóis, mexicanos, etc. Mas o ápice da festa foi quando tocaram a música "Te vas" do cantor chileno Américo. Ela está bem popular aqui no país e é tipo uma cumbia. Quando chegou o refrão, o dj tirou o áudio e a boate toda cantou a música! Foi inesquecível. Além disso, dançamos muito reggaeton. Se você, como eu, não é muito fã e quer vir ao Chile, resista a essa febre e seja feliz!

Eu tomando o Terremoto: drink feito de vinho, açúcar e sorvete de abacaxi.

Em compensação a quarta foi de tristeza. Pela manhã o Maurício voltou para sua cidade, em Concepción. Ele vai voltar para o início das aulas dele aqui em Santiago, dia 15, mas já estou com saudades. Para "melhorar" as coisas, ontem pela noite eu e Marília fomos embora do albergue para irmos dividir um quarto em Providencia. Ai, meu coração está doendo demais, devo confessar. Estou com muitas saudades das pessoas que conheci na outra casa, mas tivemos que mudar. Aqui em Providência é mais próximo da minha universidade e o aluguel é mais barato, apesar do bairro ser bem mais elitisado que o Bairro Patrimonial. Prós e contras, o que importa é que estou aprendendo a lidar com as despedidas, que serão frequentes durante estes meses.

Eu nostálgica na nova casa. A noite aqui demora a chegar, mas quando chega...

Em relação ao terremoto, está tudo tranquilo. Sem mais réplicas... Agora está acontecendo o Teleton para arrecadar fundos aos desabrigados e atingidos pelo desastre.

Em relação a mim, vou sobreviver à dor que estou sentindo... Comprei um netbook ontem e ele está bloqueado ¬¬. Além disso, a nova casa está com a Internet sem funcionar... Portanto, não sei quando retornarei ao cyber café para revisar e-mails e etc.

Mil bxus a todos.

P.S: Diêgo, feliz aniversário atrasado, amigo! Não me esqueci, ok? Tudo de bom para você hoje e sempre!!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Melón con vino e solidariedade

Entre momentos de tensão que o país vive, temos a sorte de estarmos rodeados de gente divertida e solidária!

Oi, gente. Já estão sabendo que tremeu aqui de novo, né? Hoje houve uma réplica por volta das 17 horas, aqui em Santiago, de cerca de 5.3 na escala Ricther. Mas eu estava dormindo tão pesado, que nem senti. Tenho feito muita coisa. Aqui o sol demora a sair pela manhã e ilumina a cidade até 20 horas, 20 horas e 30 minutos, então eu acabo não me dando conta do horário e quando percebo já está de madrugada.


Marília e eu andando pela charmosa Providência.

Temos feito festa aqui todos os dias e os vizinhos faltam nos matar, já que na parte de cima do albergue vive uma família! Pobres coitados! Hehehe... Mas ajuda a aliviar a tensão causada pelas consequências dos últimos acontecimentos. Brincamos com os chilenos usando palavras em português e morremos de rir com a cara deles de quem não está entendendo. Eu, sinceramente já não aguento mais falar sobre o terremoto na TV, porém é em vão tentar fugir dos fatos.

Os chilenos Erick, Amaury, Cristian e eu e Angélica tomando "Melón con vino":  tudo viadinho*! Haha...

Hoje pela manhã a gaúcha Angélica e eu fomos nos encontrar com um colega meu chileno de MSN (para variar, né?), o Felipe Duarte, para trabalharmos como voluntários em lugares mais humildes, recolhendo os escombros causados pelo terremoto de sábado. As universidades chilenas têm se empenhado para reunir jovens na reconstrução de casas, recolhimento de escombros e para pedir de porta em porta alimentos para serem enviados às regiões mais atingidas pelos tremores. Os garotos que nos acompanharam não fizeram questão que os ajudássemos com os escombros, entretanto queriam a todo custo que sambássemos para animá-los. Ha-ha-ha. Enfim, o importante é que aqui vemos jovens cheios de vontade de ajudar aqueles que necessitam, e isso é muito motivante!

 Os garotos ajudando no recolhimento de escombros em regiões humildes de Santiago.

Hoje, houve ameaça de Tsunami em Concepción e o Mauricio ficou louco, porque toda a sua família está lá. Mas foi alarme falso. Igual, outro dia, domingo ou segunda, um homem foi preso na cidade litorânea de Viña del Mar, por causar pânico entre as pessoas ao inventar que um Tsunami se aproximava da região. É cada uma, né?

Parte dos voluntários da Universidad Alberto Hurtado.

Bom, hoje vai ter o primeiro Miércoles, po! de Santiago. É uma festa que acontece todas as quartas (miércoles, em espanhol) para os alunos estrangeiros das universidades santiaguinas. Os chilenos podem ir, mas pagam mais caro! Hehehe!

Fui...!

Boa noite a todos.

*Lembrando que não há teor discriminatório com a palavra, se não um jogo com a fonética, já que eles não entendem o significado e nem conseguem repetir a palavra!

terça-feira, 2 de março de 2010

Dia útil após terremoto


Olá, compatriotas! Quanta repercussão o terremoto teve, verdade? Bom, mais uma vez quero tranquilizar a todos (Viu, mãe? Viu, pai?) quanto a mim: estou bem!

Apesar de ter sido atingido pelo terremoto, aqui em Santiago a situação está sob controle. Houve alguns saques em Quilicura, região um pouco mais pobre da capital. O estado de tensão entre as pessoas tem melhorado a cada dia, mas o assunto é o mais falado nas esquinas e rodas de conversa,  já que muitos têm familiares nas zonas atingidas, como o meu amigo Mauricio que está morando comigo e tem família em Concepción. Ele veio à capital resolver algumas coisas e não consegue voltar porque as estradas estão em péssimo estado. Nesta região sim os saques estão sendo constantes e foi necessário instaurar o "toque de recolher" para manter a ordem. Além disso, há muito tempo o Chile não passa por uma catástrofe tão significativa assim, os noticieros falam disso 24 horas por dia e os mortos já passam dos 700!

Parte da Parroquia de la Divina Providencia destruída, no bairro de Providencia.

Casa no bairro Patrimonial interditada após o terremoto.

Confusão na porta da Lan Chile. O aeroporto não está realizando voos internacionais desde sábado. 

Mas enquanto as coisas vão se normalizando, eu aproveitei para tirar minha RUT hoje, que é a identidade chilena, e depois fui conhecer o bairro de Ñuñoa onde está a Universidad Católica. Conheci minha madrinha da universidade hoje também, Constanza, que é muito simpática. Há uma chance do começo das aulas serem adiados, mas ainda não é certo. 

  Eu fazendo minha identidade chilena. 

Mauricio e eu no metrô santiaguino hoje: grande amigo!

"Cabeza de pollo": Eu atenta às estações do metrô para não me perder como sempre faço.

Bom, por enquanto é isso, gente.