segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Chile: lo pasé bien!

Olá, galera. Tudo bem? De volta ao Brasil, foi preciso muita coragem para recomeçar a vida aqui e finalizar o blog.

Na verdade não vou dizer que este será meu último texto neste blog, mas as atualizações, se continuarem, não terão tanta periodicidade. Ainda tem coisas legais para dizer sobre a viagem. Pois vamos ao trabalho! Para quem deseja realizar um intercâmbio e, melhor, para o Chile, aí vão minhas percepções após meus seis meses no país.

O Intercâmbio

É de letra maiúscula mesmo! Não só porque está no começo da frase (¬¬), mas realmente essa experiência foi A experiência, O intercâmbio.

Primeiro pelas pessoas que encontrei no caminho, as boas e as más, ambas me fizeram evoluir muito e mudaram minha vida. Vocês se lembram da chilena que iria me receber e me deixou plantada no primeiro dia no país? Não fosse isto não teria conhecido a Marília, paulista que eu conheci no albergue onde me hospedei nos primeiros dias e com quem eu dividi o quarto esses seis meses. E o terremoto? Apesar do caos que provocou no Chile, foi uma experiência única e me orgulho de dizer que agora faço parte do país. Sem mencionar certo australiano que mal falava espanhol e no final das contas estava em BH conversando em português (ah, sinto muito, mas se você procura um blog jornalístico está na página errada. Aqui é permitido falar de emoções também, poxa! Hihi...). Bom, esta é uma história que contarei um dia, quiçá.

Olha ele aí!

Além disso, tem o grupo de estrangeiros da UANDES. Um grupo majoritariamente composto por latinos fez toda a diferença. Fomos uma verdadeira família. Conhecer novas culturas a partir da experiência de vida de cada um, aprender os sotaques, os pratos típicos e descobrir que tem gente boa e gente ruim em qualquer parte do mundo. Mas por sorte estive ao lado de muita gente de espírito nobre. Pessoas de diferentes continentes e nacionalidades que se demonstraram respeitosos na convivência diária com as nossas diferenças raciais e culturais e caridosos ao participar de coração aberto em atos de solidariedade ao longo do semestre (incluindo o apoio na derrota do Brasil pela Holanda ¬¬...). Ao fazermos um intercâmbio, descobrimos que estrangeiro não é bobo como a gente pensa, partindo do pressuposto que no caso nós somos os forasteiros e de besta não temos nada! Haha...

Quase todos da turma em uma das nossas viagens. Esta foi em Bariloche.

E sobre ficar longe da família? A princípio eu quase não senti falta, as novidades são muitas e acontecem simultaneamente. Quase fiquei louca! Mas não bastou muito tempo para eu descobrir que eu não sabia cozinhar como eu imaginava (mas confesso que voltei quase uma Chef) e muito menos lavar roupa (só para constar, no Chile não existe tanquinho, só máquina de lavar). Isso sem contar às vezes em que liguei a web cam para os meus pais só para eles terem o prazer de me verem esgoelando de tanto chorar e entre soluços murmurar um: “eu amo vocês, quero voltar amanhã mesmo para casa, não aguento mais...”. Passadas essas fases, a gente descobre que está mais forte e a capacidade de se virar sozinho aumenta em mil vezes.

O desejo de se abrir para uma nova cultura faz a gente ficar mais tolerante. Ou você relaxa e curte a viagem ou você se estressa e estraga o que era para ser uma linda experiência. Escolhi absolutamente a primeira opção e sugiro que você faça o mesmo.

Essa é para rir mesmo: eu, após tomar a bebida Terremoto no bar típico La Piojera. Foi nos úlitmos dias no país. Porre inesquecevível para fechar com chave de ouro a viagem inesquecível.

No Chile com os chilenos

O Chile é maravilhoso e único em belezas naturais. É um dos pouquíssimos países que reúnem deserto, neve, praia e montanhas. Como eles gostam de dizer: é o país mais austral do mundo. Ou seja, o que mais se aproxima do Pólo Sul. Agrada a todos os gostos, isso é fato! Eu que venho de um país tropical não dei muita atenção às praias nem ao Deserto do Atacama, mas confesso me emocionei ao conhecer a neve! Já a capital, Santiago, tem como ponto positivo a segurança e a facilidade de locomoção. Não que eu nunca tenha visto um assalto e não tenha sido esmagada altas vezes no metrô, mas a cidade nem se compara com as megalópoles da América Latina, conhecidas pelo caos generalizado de pessoas, transporte e comércio. Fui para lá com medo de ser roubada e sem me acostumar com os carros parando para gente cruzar a rua; foi difícil me adaptar, mas por fim voltei para o Brasil desatenta ao andar na rua e correndo risco de ser atropelada achando que vão parar pára mim. Disso eu sinto muita falta.

Além disso, a gente que nasceu em um país tão grande não tem idéia da fartura de produtos e da qualidade de serviço que temos. Foram inúmeras as vezes em que não encontrei um produto que queria nos supermercados e que fui mal, muito mal atendida em lojas e restaurantes. Não foi à toa que eu e os estrangeiros nos deliciávamos a cada sorriso e gesto de educação que recebemos quando visitamos a Argentina.

Melhores amigos: Coni e Harry. ¡Ya los extraño!

Muitas vezes eu ouvi dizerem: “o problema do Chile são os chilenos”. E tenho que concordar. Não que eu não tenha conhecidos chilenos bacanas, mas em geral são pessoas de difícil trato. Não se abrem facilmente e em muitos momentos tenho a impressão que são bichos do mato recém colocados na cidade grande. Olham e agem com muita desconfiança o tempo todo e têm uma mente muito mais fechada que a dos brasileiros. Tudo é tabu. Minha teoria sobre isso é o fato de terem origem católica, de não terem tido muita mistura racial e por estarem isolados do mundo, entre as Cordilheiras dos Andes.

A variedade e riqueza da culinária não condizem com a da natureza do país: rica e vasta. Mas acho que tudo é questão de costume. Não me acostumei com a comida deles. Aquela mania de meter abacate e pimenta em tudo e ainda conseguir que a comida ficasse sem tempero, coisa de mestre mesmo. Entretanto, confesso que irei fazer aqui em casa o Hot Dog deles um dia, que foi a única forma de abacate na comida que eu aceitei bem. Depois que voltei descobri como brasileiro é carnívoro e se estamos com mais obesos a cada ano tem motivo: lá carne era caríssima e pouca e, além disso, as refeições em geral, eram apenas salada, uma carne ou peixe ou ovo, mais arroz (ou purê de batatas, nunca os dois juntos!).

No aniversário da Isha, mexicana. Sempre juntos!

Bom, estou reclamando, mas engordei 7 quilos e estou contente por isso (acreditem!).

Com os prós e contras do país, eu sempre vou recomendar o Chile para se conhecer e também para viver, então cada um faz seu julgamento. E apesar das picuinhas, faria mil vezes tudo de novo!

Agradecimentos

Para finalizar, quero agradecer a vocês que entraram no meu blog durante esse período e me fizeram sentir mais próxima do meu país. O blog foi feito para vocês!

Além disso, obrigada a todos que fizeram parte dessa história (e que possivelmente não lerão o blog por estar em português, mas o que vale é a intenção):

Aos meus companheiros da UANDES, à Marília por ter me aturado, ao Pedro que me ajudou demais lá e aos outros brasucas que não permitiram que eu esquece meu idioma pátrio (hehehe): Rafa, Ruan, Paulo e Verônica. Aos estrangeiros da UANDES que fizeram dessa viagem a melhor de todas e ao Matt pelos momentos maravilhosos que me proporcionou com sua iluminada presença em minha vida.

Além disso, agradeço à minha família e amigas que mesmo de longe, sorriram e choraram com o que acontecia comigo para as bandas de lá. Eu amo vocês!

Minha família me recebendo no aeroporto: no cartaz, potunhol.

Um grande abraço e até a próxima,

Marcela Ferraz Viana