Após 35 anos, o Chile volta a sofrer com um terremoto que atingiu os quatro cantos do país e matou cerca de 200 pessoas.
Sim, isso está acontecendo de fato. Por volta das 3 horas e 30 minutos da madrugada de hoje, estávamos eu e um grupo de brasileiros e chilenos em uma festa dentro do albergue em que vivo. Estávamos nos divertindo quando sentimemos o começo do tremor e achamos que não fosse nada. Mas ele ficou mais forte, sentimos o chão balançando e uma confusão na rua. A energia acabou e os celulares e a Internet idem. Corremos todos para a rua e pasmem: ela estava se movendo como se um gigante estivesse a sacudindo com a mão. As pessoas se juntavam na rua e algumas choravam, os alarmes dos carros disparavam e eu realmente fiquei sem entender o que estava acontecendo. Até que os chilenos que estavam conosco nos aconselharam a ir até a praça mais próxima porque o que estava acontecendo era um terremoto e que poderiam haver "réplicas", ou seja, tremores menores, mas não menos perigosos.
A rua de onde estou vivendo, no Bairro Patrimonial de Santiago e alguns destroços.
Bom, quando o sinal de rádio voltou é que tivemos noção da gravidade do acontecido. O país tinha acabado de sofrer um terremoto de 8.8 na escala Hichter, sendo que o último foi aconteceu em 1985 e atingiu 7.8 da mesma escala. O mais forte da história foi em 1960, atingiu 9.5 na escala e aconteceu aqui mesmo no Chile, em Valdívia. A luz voltou cerca de 4 horas depois e se sente movimentos de tempo em tempo. Com a claridade, pode-se ver o estrago da noite. Estou alojada em um bairro de casas mui antigas, assim que aqui os danos foram maiores, como vocês podem ver nas fotos.
As casas mais antigas foram as que mais sofreram com o terremoto.
O epicentro foi a mais ou menos 400 quilômetros de Santiago, na região de Maule. A qualquer momento pode ocorrer outro terremoto e estamos todos bem e atentos aos movimentos mais fortes. Até o momento são 147 mortos, em Santiago foram três mortos, de infarto. As pessoas só falam disso nas ruas e na imprensa. Caíram pontes em todo país, as estradas estão péssimas, o aeroporto internacional fechado e em Santiago o comércio quase não abriu e os metrôs não estão funcionando, há gente desabrigada e muitos na rua, sem coragem de voltar às suas residências. Muita emoção para uma semana só, não?
Casa com danos após os tremores.
Marcela Ferraz Viana