domingo, 27 de junho de 2010

Velhos e Vinhos*

Oi, gente. Suponho que estejam melhor que eu. Aqui a coisa está feia, segunda-feira tem jogo do Brasil contra ninguém mais, ninguém menos que o Chile. Mas antes de sofrer qualquer tipo de retaliação por conta dos chilenos, vou contar para vocês o que tenho feito por aqui.

Minhas aulas estão na etapa final. Mas como aqui todo tempo é tempo para passear, hoje vou contar sobre o passeio que fiz há duas semanas atrás. O pessoal da minha universidade que é responsável pelos assuntos internacionais todo semestre oferece aos intercambistas uma visita a algum lugar típico. Desta vez fomos conhecer a famosa e segunda maior vinha do mundo: Concha y Toro, porém, antes fomos visitar a algumas pessoas muito ilustres.

Jovens cheios de vida, cada qual de um país e cultura diferentes. Temos em comum a abertura ao novo, necessitamos e nos alimentamos de novidade. Quando recebemos a notícia de que iríamos visitar um lar de idosos, muitos ficamos inseguros, envergonhados e com medo de não sabermos lidar com a situação. Mas assim que chegamos no “Centro de la Tercera Edad en Paine”, em uma cidadezinha chamada Paine, há uma hora de Santiago, todos receios passaram; pelo menos para mim. Assim que chegamos apresentamos nosso “Show de Talentos”: passaram por lá a turma do Chaves, Shakira e até a Xuxa deu o ar da graça, interpretada pela Verônica, do Rio. Enquanto fazíamos a festa, nosso público admirava atento sem entender ao certo o que estava acontecendo. Eram cerca de 15 senhores e senhoras e cada intercambista adotou o seu para então realizarmos o bingo. Não sei o que eles acharam da brincadeira, mas nós nos divertimos “à beça”. Cada hora era uma coisa: havia idoso que jogava a cartela cheia de pontos marcados no chão, o outro fazia bingo e quando ia receber o prêmio estava dormindo. No fim, como percebemos que eles não estavam prestando muita atenção, fizemos o nosso jogo e então todos eles puderam ganhar seus presentes e ficar feliz. 

O senhor escuta atento o que Austin dos EUA está conversando com ele.

Eu, em particular, recebi como avó a senhora Olga, que adorava rir, conversar e dar muitos beijos em todos. Nos momentos de lucidez me contava sobre sua vida no asilo e nos outros sobre os casos de sua infância, como se ainda fosse uma criança. Presenteei a ela com um anjinho da Prosperidade que, não por acaso trouxe de Belo Horizonte (Sim, mãe. Tenho certeza que esse era o destino dessa lembrancinha...). Na hora de embora, apesar da tristeza em ver a ela e a outros chorando, fomos com a certeza de missão cumprida e certamente com um respeito maior aos idosos.

Verônica e eu com nossas respectivas avós adotivas.

Tomamos rumo à churrascaria Los Buenos Aires del Paine, onde provamos as delícias da parrillada argentina. Porque me desculpe a sinceridade, mas carne não é mesmo a especialidade dos chilenos. Matei a vontade e a saudade que tem uma boa carnívora depois de meses vivendo quase como uma vegetariana (isso porque aqui no Chile carne é bem cara, do presunto ao filé mignon). Todos satisfeitos e fomos ao nosso destino final. A requintada e exitosa vinha de Concha y Toro, com o detalhe que o idioma da vez foi o português dentro do ônibus. De repente todos quiseram aprender um pouquinho do nosso idioma. Cada sotaque mais divertido que o outro! 

Parrillada argentina: o mais próximo que há do churrasco brasileiro.

Voltando ao assunto, em Concha y Toro os passeios são realizados por guias e variam entre 25 e 120 reais (aprox.). Fizemos o mais econômico, mas não menos interessante. Conhecemos os vinhedos, as bodegas e a história de como a família de origem italiana transformou sua pequena plantação de uvas em uma das maiores distribuidoras de vinho do mundo. Confesso que até eu que não sou fã de bebida alcoólica gostei do tour, que inclui degustações e uma mini-aula de como identificar um bom vinho. Dá até para se achar um pouco a enóloga.

Gaby, do México; Dario e Héctor do Equador e eu nos vinhedos de Concha y Toro.

No final do dia estávamos todos cansados, mas não mortos. Fomos para nossas casas e em três horas mais já estávamos prontos para sair. Para terminar a noite multicultural fomos a uma salsoteca, ou seja, um pub onde o ritmo cubano é que comanda.

É isso. Atentos porque para os próximos posts vou falar sobre minha viagem a Pomaire, Isla Negra (onde morou o poeta chileno Pablo Neruda), além do esqui que estou indo fazer amanhã (exatamente em 4 horas) e óbvio (assim espero) sobre a vitória do Brasil sobre o Chile na segunda-feira. Sorte para o Brasil e para mim que vou ter que enfrentar a torcida rival tão de perto!

Degustação e aula sobre vinhos. Futuros enólogos.

Abraços.

*título criado por Priscilla Troncoso

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Comienza el Mundial

Olá, gente. Como estão os ânimos para esta Copa do Mundo? Pois aqui no Chile, estava tudo tranqüilo até ontem, quando a equipe deles ganhou de 1 X 0 contra Honduras.

Meu Deus! Parecia que já era a final. Uma buzinação, o povo com cara pintada nas ruas, ninguém teve sossego. Mas para mim, o estresse mesmo foi no dia da nossa estréia. Segunda à noite eu já não conseguia dormir bem, fiquei até de madrugada lendo tudo o que podia sobre a seleção brasileira, para quando chegasse na hora, fingir que já sabia tudo. Sabe como é, brasileira que não entende de futebol, não é brasileira (isso segundo os estrangeiros, gente. Calma...). No dia seguinte acordei cedo e decretei feriado pessoal. Pela Internet, vi a folia que o Brasil já estava e fui entrando no clima. Fui ver o partido na casa de outros brasileiros e a melhor parte foi quando eu, toda de verde e amarelo e com a bandeira amarrada na cintura, saí na rua. Eu esperava ver a cidade toda enfeitada com as cores da bandeira e etc, só que aqui não é Brasil e primeiro veio a decepção de não ver um ser vivo vestido a caráter. Fui o centro das atenções na rua e com muito bom humor escutei as típicas (e talvez únicas) frases que os chilenos sabem em português: “Dale garotinia”, ”Pentacampeones”, “Ronaldinio” e por fim a clássica “¡Brasil, paíx maix grando mundo!”. Com tanto apoio moral quem não fica feliz, verdade?

Australiano passando bandeira do Brasil? Coisas de cidade cheia de gringos.

Os comentários sobre o jogo eu deixo para os blogueiros da área, mas convenhamos que jogamos como um timinho: equipe sem sintonia, falta de técnica, ataque fraco, defesa espalhada e Cacá machucado para completar. Fala sério! Cheguei a pensar que não faríamos nenhum gol. Ok, ok, sem mais críticas. Porém, se continuar deste jeito, esta Copa do Mundo não vai ser de mão beijada, não. O sufoco está só começando...

Olha o pratão de feijão com arroz. Isso aqui no Chile é especiaria!

Enquanto isso, eu me divido aqui entre a Universidade, que está na reta final, portanto muitas provas e trabalhos e para conseguir ver com os amigos estrangeiros os jogos de seus países. E olha que são muitos: Austrália, Camarões, França, Estados Unidos, México e claro, do próprio Chile.


Priss: chilena abrasileirada. Torcendo pelo Brasil ou gorando a gente? 

Mudando de Assunto

Fiz este post mais para atualizar o blog, e como ficou curtinho, abaixo estão fotos de uma inusitada e divertida situação que vivi esses dias, dentro de um ônibus em Santiago. Como já havia dito outras vezes, a quantidade de cachorros de rua aqui na capital é absurda. Inclusive vemos cães de muitas raças que no Brasil são caras, como, por exemplo, o husky siberiano e o labrador. No inverno é interessante porque muita gente compra roupas de frio para cachorros e colocam nesses de rua para que não morram de frio. E inclusive há uns que tomam até ônibus! Vejam só:


O quiltro (vira-lata) esperando o ônibus no ponto.

O cãozinho nem se incomodou com a gargalhada das pessoas dentro do ônibus. Subiu e se ajeitou em um cantinho.

Chegando no seu destino ele desceu tranquilamente do ônibus. É provável que tenha ido fazer combinação no metrô.

É isso! Tudo de bom e até mais, gente.