segunda-feira, 12 de julho de 2010

Esqui y hasta luego

Para fechar com chave de ouro o intercâmbio, fizemos um passeio à Farellones, um dos lugares mais procurados para curtir a neve. E muitos já começam a se despedir...

Oi, gente. Etapa final da viagem. Faltam duas semanas para eu regressar à minha terra. Ao mesmo tempo em que morro de saudades do Brasil, começo a ficar com o coração apertado com as despedidas. Já fechamos o semestre letivo na minha Universidade e os intercambistas já começaram a regressar para seus respectivos países espalhados por todo o mundo. Está aí uma das coisas mais legais de um intercâmbio; fazemos grandes amigos que são nossos vínculos para se um dia quisermos conhecer seus países, além de levarem um pedacinho de nossa cultura consigo. Na última festa ensinei meus amigos dos Estados Unidos (sendo que um deles estuda na famigerada Cambridge, Inglaterra) a dançar samba, forró e, confesso, até funk! Quando que eles um dia imaginariam que iriam aprender isso? Isso sem falar nas comidas e coquetéis que aprendi a fazer (ou pelo menos a gostar de comê-los) aqui!

Austin, dos EUA, divertindo-se tentando dançar funk.

Nessa última semana fizemos um “96 horas” de festas e festas para nos despedirmos. De quarta a sábado, sem parar! Eu, como boa mineira sossegada que sou, fui em dois dias e já achei muito. Mas antes, fizemos o passeio que para mim foi um dos melhores. Fomos ver a neve e praticar esportes radicais nos vales!

Eu no lugar mais seguro para estar na neve: sentada no chão.

A turma se encontrou às 7 horas da manhã no centro da cidade e de lá fomos com uma vã alugada para Los Farellones. Para a ida e volta pagamos R$ 40 cada. Se desejar fazer esse passeio, sugiro que leve um lanche caprichado para lá e não se esqueça de levar dinheiro vivo, já que a comida é caríssima, bem sem graça e em muitos lugares não se aceita cartão. Chegamos por volta de 10 horas e fomos alugar nossos equipamentos e roupas para esqui ou snowboard (surf na neve). Como me disseram que esquiar seria mais fácil, resolvi tentar. O aluguel para quem não tem nada sai mais ou menos por 100 reais e inclui o equipamento do esqui (ou snow), óculos, luvas, calça e casaco impermeáveis. Mas se você tiver tempo e quiser economizar, vai encontrar facilmente lojas de roupas de neve seminovas e por um preço mais em conta, também com a vantagem que depois poderá revendê-las. Todos equipados e fomos entrar no vale cujo ingresso é R$ 40 para estudante chileno. A princípio me apaixonei pela neve, tão fofinha! Mas após os primeiros 30 minutos que passei caída tentando me levantar do chão, já não achei a coisa tão legal. A neve queima a pele quando a gente encosta nela e o rosto fica todo queimado se a gente não passa protetor solar. Depois que resolvi deixar todo mundo de lado e tentar sozinha fazer a coisa, consegui! Ai é tão bommm esquiarrrr! Até o momento que a gente cai de novo e dale mais meia hora tentando me reerguer. No final do dia estávamos todos bronzeados pela neve e mortos de cansaço.

Matt australiano e eu (Tee-hee).

Agora vou descansar um pouco. Quando em junho pensei que já estava frio demais, julho chega congelando e como uma legítima moradora de país tropical eu me resfriei de novo. A gente se vê para o próximo e talvez última atualização.

Beijos

sábado, 3 de julho de 2010

Pomaire, Isla Negra e Brasilforadacopa.

Estar no Chile e vê-lo ser eliminado do Mundial pelo Brasil: R$ a tristeza de 17 milhões de chilenos.
Ser eliminado do Mundial pela segunda vez consecutiva: R$ a tristeza de 190 milhões de brasileiros.
Ver os 40 milhões de argentinos serem eliminados do Mundial: Não tem preço.

É rir para não chorar, né? Mais bola para frente. Bom, bola não, mas vocês entenderam a idéia. Para distrair a tristeza da derrota, vou contar sobre mais uma viagem que fiz por esse Chile que tanto gosto (...).

Outro dia fui conhecer as cidades de Pomaire e Isla Negra, ambas cerca de 50 quilômetros de Santiago. É um passeio agradável e que dá para fazer em um dia. Eu e mais três pessoas alugamos um carro por aproximadamente R$ 230 mais gasolina que foi mais ou menos R$ 100. Mas há ônibus que fazem esse trajeto e por um preço muito mais em conta, claro.


Pelas estradas chilenas...

O que tem de bom nelas? Pomaire é um “pueblito” de 10 mil habitantes e a atração principal são as dezenas de lojinhas que vendem artefatos, louças e várias coisas feitas de argila. É uma ótima opção para lembrancinhas. Além disso, lá é conhecido como a cidade das empanadas gigantes. Empanada aqui no Chile é equivalente aos nossos salgados. Só que aqui eles têm apenas dois tipos, a assada que é muito parecida à nossa esfiha e tem quase sempre três sabores: pino (carne moída, ovo cozido, azeitona e cebola), napolitano e queijo. E a frita nada mais é que o nosso pastel chinês. Mas o caso é que elas são grandes mesmo! Uma dá para quatro pessoas. Ir à Pomaire é como conhecer em resumo a cultura do Chile e fugir um pouco do corre-corre da capital.

Artesanato de argila é o forte da cidadezinha de Pomaire.

Com as barrigas cheias de cultura chilena, fomos a caminho de Isla Negra. Mais 50 quilômetros percorridos e lá estava eu, mais uma vez de frente ao gigante oceano Pacífico. A atração da cidade, sem dúvida, é a casa do ilustre poeta chileno Pablo Neruda (Parral, 12 de julho de 1904 - Santiago de Chile, 23 de setembro de 1973). Ele era conhecido por ser um eterno apaixonado pelas mulheres. Casou-se três vezes e com cada esposa, viveu em uma casa em diferentes partes do país e que são atualmente museus. Há uma em Valparaíso e outra em Santiago. Na de Isla Negra foi onde viveu até seus últimos dias de vida ao lado de sua última mulher, Matilde Urrutia. A decoração foi toda inspirada no interior de um navio, o mar era outra paixão do poeta que costumava dizer que era um marinheiro de terra. O passeio por essa casa custa ao redor de R$ 10 e para quem é estudante no Chile sai pela metade do preço. A casa é linda demais; bem de frente para o mar e o interior cheio de pequenos detalhes muito bem conservados e que refletem a personalidade de Neruda. É um passeio que vale a pena fazer, sobretudo se você é amante de literatura.

Casa de Pablo Neruda, em Isla Negra.

De volta à Santiago depois de um “taco” (engarrafamento) típico para quem anda de carro pela cidade (não é meu caso), era hora de descansar para o grande partido de Brasil e Chile ocorrido no dia seguinte. Por acaso, segunda foi feriado aqui no Chile. A cidade toda estava em silencio até o começo da partida contra os brasileiros. Fui assistir em um lugar onde os brasucas eram apenas 20 por cento dos presentes. Apesar de os chilenos serem também loucos por futebol, respeitaram muito a gente durante o jogo, e no final, quando foram derrotados. Deu uma dó deles, mas nossa alegria não durou muito, e sinceramente, não sei se alguém está com pena da gente agora...

No fundo, as brasileiras corajosas no meio da torcida "La Roja".

A vida segue. Último mês no país e ainda tem muita coisa boa para contar. Vou me despedindo e deixando abaixo um pequeno poema de Neruda.



Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.”
 Beijos.